Estatística

27 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- DESAFINADO


Como eu não tenho o dom de ler pensamentos, eu me preocupo somente
em ser amigo e não saber quem é inimigo. Pois assim, eu consigo apertar
a mão de quem me odeia e ajudar a quem não faria por mim o mesmo."

26 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- UM APELO DE DALAI LAMA


Ter chegado às últimas páginas deste livro faz lembrar a transitoriedade de nossa vida. Como passa rápido e como logo chegamos ao nosso último dia. Dentro de menos de cinqüenta anos, eu, Tenzin Gyatso, o monge buddhista, serei apenas uma lembrança. Na verdade, é pouco provável que qualquer uma das pessoas que estejam agora lendo estas palavras possa estar viva daqui a cem anos. O tempo passa inexoravelmente. Quando cometemos erros não podemos voltar os ponteiros do relógio para tentar outra vez. A única coisa que podemos fazer é usar bem o presente. Então, quando nosso último dia chegar, poderemos olhar para trás e ver que vivemos vidas plenas, produtivas e significativas, o que nos trará algum conforto. Do contrário, a tristeza pode ser muito grande. A escolha entre as duas alternativas cabe somente a nós.

A melhor maneira de ter certeza de que um dia nos aproximaremos da morte sem remorsos é agindo de maneira responsável e manifestando compaixão pelos outros no presente. Na verdade, isso é de nosso próprio interesse e não apenas porque vá nos beneficiar no futuro. Como vimos, a compaixão é uma das coisas que mais dão sentido às nossas vidas. É a fonte de toda felicidade e alegria duradouras. É o alicerce de um bom coração, o coração daquele que age motivado pela vontade de ajudar os outros. Por meio da bondade, da afeição, da honestidade, por meio da verdade e da justiça para com todos os outros é que asseguramos nossos próprios benefícios. Esta não é uma questão para ser debatida com teorizações complicadas. É uma questão simples, de bom senso. Não há como negar que a consideração pelos outros é algo valioso. Não há como negar que a nossa felicidade está inextricavelmente entrelaçada à felicidade dos outros. Não há como negar que, se a sociedade sofre, nós também sofremos. Nem há como negar que quanto mais animosidade há em nossos corações, mais infelizes nos tornamos. Por isso, podemos rejeitar tudo o mais: religião, ideologia, toda a sabedoria recebida. Mas não podemos escapar à necessidade de amor e compaixão.

Esta, então, é a minha religião verdadeira, minha fé simples. Neste sentido, não é preciso existir templo ou igreja, mesquita ou sinagoga, não há necessidade de filosofia, doutrina ou dogma complicados. Nosso próprio coração e nossa própria mente são o templo. A doutrina é a compaixão. Amor pelos outros e respeito por seus direitos e sua dignidade, sejam eles quem forem ou o que forem: é só o que afinal precisamos ter. Se praticarmos isso em nossas vidas diárias, não importa se somos instruídos ou ignorantes, se acreditamos em Buddha ou em Deus, se seguimos outra religião ou não seguimos nenhuma. Desde que tenhamos compaixão pelos outros e sejamos capazes de nos conter, motivados pela noção de responsabilidade, não há dúvida de que seremos felizes.

Por que, então, se é tão simples ser feliz, achamos que é tão difícil? Lamentavelmente, apesar de quase todos nós nos considerarmos compassivos, costumamos ignorar essas verdades baseadas no puro bom senso. Deixamos de enfrentar nossos pensamentos e emoções negativos. Ao contrário do fazendeiro que acompanha as estações do ano e não hesita em começar a cultivar a terra quando chega a hora, desperdiçamos tempo demais em atividade sem sentido. Sentimos profundo pesar com relação a assuntos banais como perder dinheiro e, ao mesmo tempo, somos negligentes com o que é fato importante sem que o sentimento de remorso nos perturbe. Em vez de nos alegrarmos com as oportunidades que temos de contribuir com o bem-estar alheio, só pensamos em prazeres fáceis. Recusamo-nos a pensar nos outros alegando que estamos muito ocupados. Corremos para lá e para cá fazendo cálculos e dando telefonemas e achando que é melhor assim. Fazemos uma coisa já preocupados com ter de fazer outra diferente caso algo não saia como esperamos. E em tudo isso utilizamos apenas os níveis mais superficiais, elementares e menos refinados do espírito humano. Além do mais, por estarmos desatentos às necessidades dos outros, acabamos inevitavelmente lhes causando mal. Achamos que somos muito negligentes, mas como é que usamos nossos talentos? Com demasiada freqüência nós os usamos para enganar nosso próximo, aproveitar-nos dele e subir à sua custa. E quando as coisas não dão certo, cheios de hipocrisia, nós o culpamos por nossos problemas.

No entanto, a aquisição de objetos materiais não proporciona satisfação duradoura. Não importa quantos amigos conquistemos, não serão eles que de fato vão fazer a nossa felicidade. E entregar-se aos prazeres dos sentidos é apenas um convite a várias formas de sofrimento. É como o mel lambuzado na lâmina de uma espada. Nem por isso devemos desprezar nosso corpo. Pelo contrário, pois não podemos fazer nada por ninguém nem por nós mesmos sem que ele esteja bem. Mas precisamos evitar os extremos que podem nos prejudicar.

Quando nos concentramos no que é mundano, o essencial permanece escondido de nós. É claro que se pudéssemos ser verdadeiramente felizes dessa maneira, este tipo de vida seria inteiramente razoável. Mas não podemos. Na melhor das hipóteses, a vida vai transcorrendo sem grandes aborrecimentos. Mas os problemas chegam, mais cedo ou mais tarde, e nos encontram despreparados. Não sabemos como lidar com eles. E nos desesperamos, e nos lamentamos.

Portanto, uno minhas duas mãos e apego a você, leitor, para que torne o resto de sua vida tão significativo quanto possível. Faça isso através da prática espiritual, se puder. Como espero ter deixado claro, não há nada de misterioso nisso. Consiste apenas em agir levando os outros em consideração. E se você o fizer com sinceridade e persistência, pouco a pouco, passo a passo, será capaz de reordenar seus hábitos e atitudes e pensar menos em seu pequeno mundo de interesses e mais nos interesses de todas as outras pessoas. E encontrará paz e felicidade para si mesmo.

Abandone a inveja, desapegue-se do desejo de sobrepujar os outros. Em vez disso, tente fazer bem a eles. Com bondade e gentileza, com coragem e confiando que é assim que terá sucesso de fato, receba-os como um sorriso. Seja franco e honesto. E tente ser imparcial. Trate todos como se fossem amigos muito próximos. Não digo isso como Dalai Lama ou como alguém que tenha poderes ou talentos especiais. Não os tenho. Falo como um ser humano, alguém que, como você, quer ser feliz e não sofrer.

Mas se você por algum motivo não puder ajudar os outros, procure ao menos não lhes fazer nenhum mal. Considere-se um turista. Pense no mundo como é visto do espaço, tão pequeno e insignificante, e ainda assim tão belo. Haveria realmente alguma coisa a ganhar fazendo mal a alguém durante a nossa estada aqui? Não seria preferível e mais razoável divertir-se e aproveitar a ocasião tranqüilamente como se estivesse visitando um lugar diferente? Portanto, se em seu passeio pelo mundo você dispuser de um momento, tente ajudar, mesmo que de forma modesta, aqueles que são oprimidos ou que por alguma razão não podem ou não querem ajudar a si mesmos. Tente não dar as costas àqueles cuja aparência é perturbadora, aos maltrapilhos e enfermos. Procure nunca pensar neles como se fossem inferiores. Se puder, não se considere melhor do que nem mesmo o mendigo mais humilde. Vocês dois terão a mesma aparência depois da morte.

Para encerrar, gostaria de compartilhar com você uma breve oração que serve de grande inspiração para meu propósito de fazer bem aos outros.

Que eu me torne em todos os momentos, agora e sempre,
um protetor para os desprotegidos,
um guia para os que perderam o rumo,
um navio para os que têm oceanos a cruzar,
uma ponte para aos que têm rios a atravessar,
um santuário para os que estão em perigo,
uma lâmpada para os que não tem luz,
um refúgio para os que não tem abrigo
e um servidor para todos os necessitados.

25 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- O QUE É A PAZ ?


Quando se fala em paz, habitualmente nos vem a idéia de uma situação externa onde não há conflitos abertos. No entanto, a verdadeira paz é um estado interior de contentamento, de tranqüilidade satisfeita; é sentir o sol no peito; é ter um peito de ouro; é sentir o frescor e a fertilidade da primavera no coração.
A verdadeira paz não cai do céu
É preciso trabalhar para que a verdadeira paz se aproxime de nós. Para isso devemos afastar-nos, na medida do possível, do ciúme, da inveja, da competição, da raiva, do medo e da angústia. A cada centímetro que nos distanciamos desses estados negativos, ganhamos um centímetro em direção ao país da paz.
A paz é um querer bem que implica ter um coração limpo. O alicerce do Amor verdadeiro é um coração limpo.
Se um dia pudermos tocar, de fato, instantes de paz verdadeira em nosso coração, compreenderemos que a paz, sem o menor esforço, concilia tudo aquilo que é aparentemente irreconciliável.
O poder do Amor está em conciliar o que é aparentemente irreconciliável. Por isso, o Amor é a Paz e a Paz é o Amor.

* dedicado a uma grande amiga Bell Paz

23 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- DESENVOLVIMENTO DA MENTE DE ILUMINAçÃO

A questão então é: “Como cultivamos e desenvolvemos  a mente da iluminação?”. A chave e a raiz são a grande compaixão. Compaixão aqui se refere a um estado mental que torna completamente insuportável para nós ver o sofrimento de outros seres sencientes.
A maneira de desenvolver isso se dá através da compreensão sobre como nos sentimos com nosso próprio sofrimento. Quando nos tornamos conscientes de nosso próprio sofrimento, temos um desejo espontâneo de nos ver livres dele. Se formos capazes de estender esse sentimento a todos os outros seres — através da compreensão do desejo instintivo comum que todos temos de evitar e superar o sofrimento — então esse estado mental é chamado de “grande compaixão”.
Todos nós temos o potencial de desenvolver esse tipo de compaixão, porque sempre que vemos pessoas sofrendo, especialmente aquelas próximas a nós, imediatamente sentimos empatia por elas, e testemunhamos uma reação espontânea dentro de nossas mentes. Então tudo que temos a fazer é trazer esse potencial para fora, e depois desenvolvê-lo ao ponto em que se torne tão imparcial que possa incluir todos os seres sencientes em seu abraço, tanto faz se são amigos ou inimigos.
Para cultivar essa grande compaixão dentro de nós mesmos, primeiro precisamos desenvolver o que é chamado de bondade amorosa, um sentimento de ligação ou proximidade com todas as criaturas. Essa proximidade e intimidade não deve ser confundida com o tipo de sentimento que normalmente temos em relação às nossas pessoas amadas, que é manchado por apego [...], ego e egoísmo. Ao contrário disso, estamos procurando desenvolver um sentimento de proximidade e afeição em relação a outros seres sencientes, ao refletirmos sobre o fato de que o sofrimento é inerente em sua própria natureza, sobre a impotência da situação deles, e sobre o desejo instintivo que todos eles têm de superar o sofrimento.
Quanto maior a força de nossa bondade amorosa em relação aos outros seres, maior a força de nossa compaixão. E quanto maior a força de nossa compaixão, mais fácil será para nós desenvolver um senso de responsabilidade e tomarmos para nós a tarefa de trabalhar pelos outros. Quanto maior esse senso de responsabilidade, mais sucesso teremos em desenvolver a iluminação para o benefício de todos.

22 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- ABRA A PORTA

Numa terra em guerra, havia um rei que causava espanto.
Cada vez que fazia prisioneiros, não os matava, levava-os a uma sala, que tinha um grupo de arqueiros em um canto e uma imensa porta de ferro do outro, na qual haviam gravadas figuras de caveiras.
Nesta sala ele os fazia ficar em círculo, e então dizia:
- Vocês podem escolher morrer flechados por meus arqueiros, ou passarem por aquela porta e por mim lá serem trancados.
Todos os que por ali passaram, escolhiam serem mortos pelos arqueiros.
Ao término da guerra, um soldado que por muito tempo servira o rei, disse-lhe:
- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Diga, soldado.
- O que havia por trás da assustadora porta?
- Vá e veja.
O soldado então a abre vagarosamente, e percebe que a medida que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente, até que totalmente aberta, nota que a porta levava a um caminho que sairia rumo a liberdade.
O soldado admirado apenas olha seu rei que diz:
- Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a arriscar abrir esta porta.
Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar? Quantas vezes perdemos a liberdade, apenas por sentirmos medo de abrir a porta de nossos sonhos?

21 de ago. de 2011

YOGA BRAZIL --- O LOBO DO HOMEM

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.
Um é Mau - É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego. O outro é Bom - É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
- Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:
- "Aquele que você alimenta!"